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Onde há diferenças, existe a possibilidade de haver preconceitos — juízos pré-concebidos causados pela nossa incapacidade de ter conhecimento total sobre um assunto. Quanto mais aprendemos sobre ele, mais percebemos a amplitude do que existe para se saber e mais perguntas somos capazes de fazer.
Baseados nesses conhecimentos, ou na falta deles, formamos nossos julgamentos a respeito de ideias, indivíduos e grupos que os compõem, e muitas vezes temos atitudes que impactam de forma signifi- cativa aqueles que se relacionam conosco. O preconceito está sempre presente em nós, mas podemos mudar a forma como lidamos com ele, e para isso é importante termos consciência de como construímos nossas ideias, e nos perguntarmos quais são nossos preconceitos e por que eles existem. Podemos fazer um encadeamento lógico para compreender melhor esse assunto.
Primeiramente, devemos fazer uma identificação de alguns dos nossos preconceitos, o que consiste em uma autocrítica essencial para conseguirmos mudar a nós mesmos. Para isso, não podemos ter medo de identificar os pensamentos de que não gostamos.
Identificado o preconceito, devemos buscar quais são os motivos para chegarmos à conclusão de que aquilo é verdade, enumerar os fatos e então pensar na sua interferência real em nossa vida. Se não houver interferência, possivelmente é um aspecto que não nos diz respeito e não há lógica em julgá-lo. Se houver, devemos identificar em que momento ela ocorre e o que se pode fazer sobre isso.
Por fim, é essencial compreender se o que nos prejudica é algo específico de uma pessoa ou comum a todo um grupo, levando em consideração que mesmo todas as pessoas que conhecemos são uma amostragem muito pequena e estatisticamente insignificante de toda a população.
Antes de qualquer análise, ressalto que não devemos limitar nosso questionamento às intolerâncias mais discutidas atualmente. Pensemos inclusive na discriminação contra pessoas que nascem em diferentes locais, possuem determinadas posições sociais, gostos musicais, crenças religiosas e políticas. Ou ainda aquelas que são reclusas, caladas, que têm distúrbios de fala, que apresentam quadros de depressão e ansiedade, que se movem de um jeito considerado “estranho” ou que falam exaustiva e repetidamente sobre o mesmo tema.
Como autistas, e talvez este seja um preconceito meu, nós temos uma capacidade lógica muito forte, o que nos torna capazes de sermos um vetor de conscientização de como integrar racionalmente as diferenças que existem.