7 de julho de 2022

Tempo de Leitura: 2 minutos

Na última semana, um programa de notícias policiais trouxe, por três dias consecutivos, uma denúncia de uma avó de um garoto autista por falta de atendimento. Nem mesmo um xarope para sua tosse havia sido providenciado pelas agências competentes.

Acompanhei essa história muito de perto pois faço parte de um grupo onde essa senhora fez diárias afirmações sobre a falta de atendimento a autistas do nosso estado. Gritava, esperneava, até mesmo ofendia; recebeu mensagens de apoio, promessas e até mesmo alguma ajuda financeira. Não se trata disso. Não é sobre uma única família.

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O caso foi encaminhado pela rede de televisão responsável pela matéria e o governo assumiu os atendimentos necessários da criança, bem como o envio de cestas básicas para a família, que vem passando por dificuldades desde a pandemia.

Meu ponto aqui é quanto ao restante de crianças que continuam sem atendimento e sem cestas básicas. Crianças e famílias invisíveis aos olhos do poder público. Até quando vamos depender de manchetes sensacionalistas para calar os que precisam de auxílio, atendimento e tratamento?

O que difere essa criança em especial das outras tantas? Sim, porque até quarta-feira da semana passada, ele também era invisível. Ela conseguiu chegar até a mídia. Essa foi a diferença. Seu grito deixou de ser privado e denunciou o que muitos sentem diariamente.

Não sei dizer a quantidade de campanhas por projetos de leis que me chegam todos os dias para assinar; não sei dizer a quantidade de abaixo assinados sobre centros especializados, isso e aquilo sobre atendimento a autistas.

Onde estão as ações? Onde andam as capacitações? Onde estão os remédios necessários para o dia a dia? Autista adoece, fica gripado, precisa de dentista e até mesmo de cirurgias: onde procurar por essa ajuda? Lugar de autista é em todo lugar! Passou da hora de algo ser feito de efetivo.

Não podemos mais esperar os centros ficarem prontos, ou as leis serem aprovadas e colocadas em vigor, mesmo porque, muitas já existem.

Os autistas precisam de atendimento AGORA. Todos eles. Não apenas os que estão em famílias com coragem de gritar aos quatro ventos que estão abandonados. Não podemos ficar satisfeitos porque uma família foi atendida e abraçada pelo Estado. Vamos ficar satisfeitos quando o Poder Público cumprir seu papel e oferecer os direitos de todos.

Atendimento à saúde é direito e não caridade.

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É psicóloga clínica, terapeuta de família, diretora do Centro de Convivência Movimento – local de atendimento para autistas –, autora de vários artigos e capítulos de livros, membro do GT de TEA da SMPD de São Paulo e membro do Eu me Protejo (Prêmio Neide Castanha de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes 2020, na categoria Produção de Conhecimento).

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