26 de janeiro de 2022

Tempo de Leitura: 2 minutos

Sobre o Complexo de Referência da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e pessoas com síndrome de Down

Anteontem (24.jan.2022), o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, sancionou a Lei nº 17.753  (veja publicação na 1ª página do Diário Oficial de ontem) que cria um centro de referência para atendimento de pessoas com TEA e Síndrome de Down.

Um complexo, ainda não se sabe se será construído ou adaptado bem como de sua localização. Imagina-se, quem lê o PL, que deva ser algo grandioso e distante, pois a Lei prevê inclusive a criação de cavalos para as terapias. Tudo com orçamento do município. Já visualizo as romarias, as filas com senhas sem fim para que famílias de autistas e de pessoas com Down possam ser felizes por terem um complexo para chamarem de seu… Imagina-se.

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Genioo

Durante a gestão Bruno Covas, participei do Grupo de Trabalho da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência sobre TEA com colegas profissionais, professores, pais, mães e autistas. Documentos foram elaborados; as secretarias de Saúde, Educação, Turismo e Esporte foram visitadas e solicitadas a comporem conosco um trabalho para TODA A CIDADE: informação, formação, capacitação, dos metroviários aos médicos, dos professores aos motoristas de ônibus. Uma cidade aberta para receber a diferença e respeitá-la. 

No ano de 2020, em 3 de novembro, a primeira grande vitória desse trabalho veio sob a forma da Lei Municipal 17.502 (veja a íntegra da publicação no Diário Oficial).

No primeiro parágrafo do artigo 2º, verifica-se “a intersetorialidade no desenvolvimento das ações e das políticas e no atendimento às pessoas com Transtorno do Espectro Autista.” 

O trabalho de gestão era Intersetorializar os atendimentos; poder ser autista em qualquer UPA, em qualquer UBS e receber o atendimento adequado.

A aceitação da diferença em uma sociedade se concretiza quando a diferença é reconhecida como fazendo parte da diversidade humana, com singularidades cabíveis a qualquer ser humano. 

Sr. Ricardo Nunes, não lutamos por um complexo. Lutamos por ACESSIBILIDADE. 

Lutamos pelo direito de ir e vir de todo cidadão, autista ou não, com síndrome de Down ou não. 

Lutamos pelo direito de escolha e não pela construção de uma edificação “especialista” em descapacidades que exclui e segrega.

 

CONTEÚDO EXTRA

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É psicóloga clínica, terapeuta de família, diretora do Centro de Convivência Movimento – local de atendimento para autistas –, autora de vários artigos e capítulos de livros, membro do GT de TEA da SMPD de São Paulo e membro do Eu me Protejo (Prêmio Neide Castanha de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes 2020, na categoria Produção de Conhecimento).

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