9 de março de 2023

Tempo de Leitura: 2 minutos

É fato que a crença no mito da genialidade dos autistas para números e programações em jogos e computadores provocou uma corrida pela busca por esses “gênios”. O objetivo deste artigo não é esclarecer sobre esse mito, mas sim contar sobre um novo programa da Stanford University em parceria com o Google para “remover uma desvantagem injusta e dar aos candidatos uma chance justa e equitativa de concorrer ao cargo“.

Segundo o artigo, apenas 29% dos autistas têm emprego remunerado, resultado do preconceito, da desinformação e do desinteresse pela neurodiversidade.

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O programa, chamado Autism Career Program do Google Cloud, trabalhará com especialistas do Stanford Neuroidiversity Project no processo de seleção e acompanhamento dos candidatos contratados.

Haverá treinamento para entrevistadores, envolvendo mais de 500 gerentes do Google Cloud, visando tornar o processo mais acessível aos candidatos.

Por outro lado, o Stanford Neurodiversity Project está abrindo inscrições para uma pesquisa qualitativa para melhorar as condições de trabalho, qualidade de vida, durabilidade empregatícia e outros aspectos que serão avaliados. Autistas e empregadores inscritos passarão por treinamento e acompanhamento longitudinal durante a pesquisa.

Além de abrir possibilidades de emprego em outras áreas e empresas, a comprovação científica de que uma entrevista adaptada para o pensamento neurodivergente e um treinamento da equipe para compreender esse tipo de pensamento resulta em maior produtividade do autista.

Deve-se ressaltar que, apesar de ser uma pesquisa de grande importância, a questão da produtividade também está presente. O projeto tem um enorme valor para aumentar a qualidade de vida do autista, trazer a neurodiversidade para as empresas de maneira legítima e respeitosa, além de mostrar a necessidade de emprego formal para os autistas. Hoje, o mercado de trabalho está mais ligado ao subemprego e baixa remuneração do que à dignidade e respeito. Uma pesquisa desse tamanho, com duas grandes instituições, só pode trazer benefícios.

Um ambiente de trabalho saudável, onde as pessoas compreendam o modo de pensar e as necessidades do autista, maximiza suas habilidades e o fortalece para o dia a dia. Relações sociais e de de trabalho com informação e menos preconceito, resultam em aumento de qualidade de vida.

Só não nos enganemos. A produtividade e o capital estão alavancando recursos para que o projeto exista. Reconhecer as intenções nos fortalece e nos dá ferramentas para a autodefesa e para reivindicar direitos e legitimidade.

As inscrições para participar da pesquisa da Stanford University estão neste link.

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É psicóloga clínica, terapeuta de família, diretora do Centro de Convivência Movimento – local de atendimento para autistas –, autora de vários artigos e capítulos de livros, membro do GT de TEA da SMPD de São Paulo e membro do Eu me Protejo (Prêmio Neide Castanha de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes 2020, na categoria Produção de Conhecimento).

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