31 de janeiro de 2022

Tempo de Leitura: 5 minutos

Por ONDA-Autismo

Sobre a vida escolar

Não há saber mais ou saber menos: há saberes diferentes. 

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Livro: Autismo — Não espere, aja logo!

(Paulo Freire)

 

Quais dicas de como escolher uma escola? 

⁃ Sobre opções educacionais: Regular sempre que possível; Especial, se necessário, porém, com a intenção de voltar para a escola regular quando possível;

⁃ Sobre objetivos educacionais de acordo com a cognição que o autista apresenta no momento (não o que ele DEVE aprender, mas, o que ele PODE aprender nessa fase em que se encontra);

⁃ A importância do PEI (Planejamento Educacional Individual). Solicitar o PEI e demais adaptações escolares;

⁃ A importância do diálogo da família com a escola em benefício da criança.

Qual escola é melhor para meu(minha) filho(a)? O melhor tipo de escola é aquele em que seu filho aprenderá. A inclusão é para todos e seu (sua) filho (a) tem direito de estar na escola que você eleger. Pense no que é melhor para ele (ela), no momento. Se a inclusão na escola regular estiver difícil, ou você achar que seu (sua) filho (a) sofre, pode ser que ele (ela) se beneficie da Educação Especializada, temporariamente, até conseguir acompanhar o ensino regular.

Peça ajuda para os profissionais que o (a) acompanham e, caso decidam pela educação especial, solicite que façam um laudo justificando a necessidade de uma escola especial, isso vai ajudar muito na solicitação dessa vaga junto à Secretaria de Educação da sua cidade.

A decisão sempre cabe aos pais, em benefício da criança.

Como informar à escola sobre o TEA? A opção em revelar o autismo de seu filho é individual. A vantagem de informar sobre o autismo é que a escola estará advertida e poderá cooperar quando houver dificuldades de a criança acompanhar o ritmo dos colegas. Quando a escola tem ciência sobre o autismo do aluno, ele terá direito a uma avaliação diferenciada, de acordo com a capacidades e desenvolvimento individual. 

Os pais podem pedir aos professores e à direção que não revelem aos colegas e a outros pais que seu filho é autista.

A desvantagem de não informar sobre o autismo do seu filho é que ele não poderá usufruir de direitos, como professor (a) auxiliar, provas adaptadas, material alternativo, entre outros.

Como explicar o autismo para outras crianças? É muito importante explicar o autismo para todas as crianças de forma descomplicada, especialmente aquelas que convivem com um autista. Elas precisam compreender que o (a) colega com autismo tem um jeito diferente de se comunicar, de se relacionar, de brincar, de superar seus desafios, e que todos nós somos diferentes e temos algo a aprender e a ensinar. 

O que faz o professor auxiliar? O professor auxiliar é um direito das pessoas com autismo que necessitarem desse profissional. Ele é chamado para assistir a criança autista na sala de aula regular, sempre que for necessário compreender o material apresentado pela professora, as tarefas, as atividades a serem feitas e nas interações sociais com outras crianças. É muito importante entender que, de acordo com a Lei 12.764/12, esse profissional deve ser especializado, isto é, deve entender de autismo. 

Uma grande lacuna da lei é não dizer qual o tipo de especialização que esse profissional precisa ter. Normalmente são estagiários de pedagogia, psicologia, fonoaudiologia.

 

O que faz o assistente terapêutico (AT)? É o que aplica a terapia na criança sob supervisão do terapeuta responsável, normalmente um psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional ou analista do comportamento. 

Esse profissional pode ser um estagiário em psicologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, fisioterapia, enfermagem ou mesmo pessoas que já tenham passado por algum tipo de treinamento.

O que faz o cuidador?  É aquele que acompanha a criança e a auxilia nas atividades de vida diária – AVD: como se alimentar, trocar de roupa, fazer higiene pessoal, ir ao banheiro, etc. Esse profissional não precisa ter especialização em autismo, mas é importante que tenha experiência no cuidado com crianças. 

O que é Ensino Estruturado?[1] O uso dele possibilita desenvolver nos alunos a organização do pensamento e assim passar de forma bem clara os conceitos relativos aos que desejamos ensinar. A utilização de pistas visuais deixa bem claro aos alunos o que devem fazer, como devem fazer, quando começam e quando terminam a atividade.  Há alteração e melhora nos comportamentos inadequados; melhor dizendo, acontece a diminuição da frequência deles até sua possível extinção. A generalização do conteúdo é favorecida nos ambientes estruturados e com atividades nesse mesmo viés, em que o objetivo maior de qualquer professor, que é a aprendizagem, se torna mais facilitado.

  

Quais as vantagens do Ensino Estruturado? [2] Ele oferece autonomia. Isso se dá porque ele antecipa o que acontecerá, aumenta a compreensão do aluno sobre o ambiente ao seu redor e do que se espera dele, melhora a aprendizagem, organiza a realização das tarefas e melhora problemas comportamentais. Além do que já foi citado, podemos ver seus efeitos benéficos em relação à promoção da inclusão, de melhorar as habilidades sociais, tanto quanto aumentar a comunicação, a atenção, a motivação, etc.  

Um (a) aluno (a) com autismo deve ser avaliado de acordo com suas próprias potencialidades? Esse é um ponto muito delicado e individual. Para alguns, revisar a prova antes de receber para verificar se o enunciado foi entendido será suficiente; para outros, será preciso dicas visuais, ilustrações; outros precisarão de provas em local separado da turma; para outros, a prova oral será o ideal; enquanto outros somente trabalharão com um assunto parecido, mas de uma forma menos complexa. 

Cada pessoa com autismo tem direito à avalição e à nota em boletim, e suas potencialidades sempre serão avaliadas de acordo com o seu próprio desenvolvimento.

Como sabemos se é necessário ter material adaptado? Esse é mais um ponto extremamente individual. Muitas pessoas com autismo precisam ter materiais adaptados. Quem faz isso são laudos médicos e de profissionais como psicólogo (a) e fonoaudiólogo (a), pois ajudam a deixar claro sobre as necessidades específicas do aluno.  

 

Quem é o (a) responsável pela elaboração do material adaptado? A escola! Sem qualquer custo para o aluno ou sua família. Algumas escolas têm salas de recursos especiais, e os profissionais que trabalham ali fazem a adaptação do material. Em outros locais, isso é feito pelo professor auxiliar, sempre sob supervisão do professor regente da turma. O psicólogo, o fonoaudiólogo e o terapeuta ocupacional que acompanham a criança podem auxiliar a escola nesse processo, passando informações sobre as necessidades adaptativas, mas não é função deles preparar esse material. 

Qual a importância da parceria Família & Escola? Precisamos entender que pais e escola não estão em lados opostos numa batalha. Tanto um quanto o outro devem trabalhar em prol do desenvolvimento do autista. Pais, auxiliem os professores a entenderem, estimularem e ensinarem seus filhos. Os pais são as pessoas que mais entendem sobre como o aluno é motivado, animado e produtivo, mas muitas vezes não sabem como ensinar seus filhos. Professores têm as técnicas de ensino, sabem o que é esperado e têm estratégias para o ensino, mas muitas vezes não sabem o que motiva, o que anima e o que desregula seu aluno. Quando nós, pais, mostrarmos para a escola que estamos dispostos a uma parceria e não a uma disputa de poder ou de conhecimento, poderemos juntos otimizar o desenvolvimento e evolução do nosso filho, aluno da escola. 

 

[1] Por Claudia Coelho de Moraes. Professora; Pedagoga; Pós-graduada em Ensino Estruturado para TEA; Mestranda em Educação; Coordenadora do Instituto Ninho; Palestrante; Coautora do livro “Portfólio de Atividades para o Ensino Estruturado” e do livro “Autismo, O Transtorno do Implícito”; Membra do Conselho de Honra da REUNIDA; Membra Fundadora do AUTISUL e Membra do NAPNE IFRJ/Resende. @institutoninho @claudia.moraes.7330.

[2] Ibid.

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