24 de novembro de 2022

Tempo de Leitura: 2 minutos

As recentes informações sobre o tratamento de autistas no dia do exame do ENEM são vexatórias. A desinformação que invade nosso dia a dia resulta em absoluta perda de direitos. No vídeo que circulou nas redes sociais, vê-se o PM retirar o jovem do local de provas com as palavras de consolo: “ano que vem você faz outro”. Uma tentativa capacitista de amenizar a frustração e à negativa de seu direito de prestar a prova. Nada mais que desinformação.

Caso o jovem tenha feito sua inscrição como PcD, era obrigação dos organizadores estarem esperando por ele; seria um estudante diferenciado no quesito tempo de realização de prova. Onde ficam armazenadas essas informações? Bastaria que ele provasse que ele era ele e pronto.

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Como falamos no primeiro artigo da série, a importância em se saber como o aluno se apresentará no dia da prova é extremamente importante; aliás, no dia da inscrição. Toda documentação precisa estar em dia e, com certeza, esse é um dia que o suporte é de valiosa ajuda.

A ansiedade que um dia de provas dessa magnitude gera é imprevisível. O estudante pode ter ‘ataques de pânico’, falta de ar, esquecer como mexer no próprio celular, gaguejar, apresentar STIMs sem controle, ou nada. Não sabemos como cada um reage ao estresse.

Cabe ao suporte, pais, responsáveis, terapeutas, ATs, fazerem o check-list de documentos a serem levados, os objetos, o lanche, conversar sobre as possíveis situações que venham a ocorrer e, acima de tudo, oferecer todas as informações que o protejam para que o estudante posse exercer seu direito de realizar a prova. O antes, é tão importante quando o durante e o depois.

Somos uma sociedade com algumas leis que garantem os direitos dos PcDs, mas muito poucos sabem como usá-las e, menos ainda como oferece-las. Cabe lembrar que os autistas adultos estão chegando há muito pouco tempo nas salas de exames. Há bem menos que uma década, autistas não iam para a faculdade. Muitos, nem sequer terminavam o Ensino Médio.

Preparar o estudante para o ENEM ou vestibular, não é apenas estudar. Vai além. Como já dissemos anteriormente, começa no 1º ano do EM.

No próximo artigo, falaremos das inscrições em si.

O que desejamos é que o estudante tenha um PM ao seu lado para exigir que ele realize a prova e não que o acompanhe para a saída.

O que desejamos é que a frase seja: “ele fará a prova agora.”

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É psicóloga clínica, terapeuta de família, diretora do Centro de Convivência Movimento – local de atendimento para autistas –, autora de vários artigos e capítulos de livros, membro do GT de TEA da SMPD de São Paulo e membro do Eu me Protejo (Prêmio Neide Castanha de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes 2020, na categoria Produção de Conhecimento).

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