1 de setembro de 2019

Tempo de Leitura: 2 minutos

Sempre me perguntam se eu fico ansioso fora de casa. Acho que entendo a curiosidade das pessoas, pois vejo que a maioria gosta de sair. Mas eu prefiro mil vezes minha casa a ter que falar com as pessoas, sentir as pessoas tocando em mim, suportar muito barulho, ter que enfrentar a multidão dentro do transporte público etc. E não pensem que é só em ônibus ou metrô, pois até no avião eu fico desconfortável com o fato de as pessoas ficarem esbarrando em mim e as crianças ficarem chorando. Coitadas, eu sei que elas estão sofrendo com a “surdez” causada pela pressão do avião, mas eu também sofro com o choro delas, porque vem de surpresa e elas não param de chorar com facilidade. Mas eu tenho empatia e não reclamo e nem entro em crise (mais).

Antigamente, meus pais me ajudavam a trabalhar essas questões sensoriais e sociais me dizendo que seria legal sair. Eu sofria com a ideia de ter que sair de casa, mas aí eles me diziam que poderíamos fazer algo de que eu gostasse, na volta, o que me dava um pouco mais de segurança. Acho que esse processo foi importante para que eu pudesse ser quem sou hoje. Eu viajo o Brasil e exterior para dar palestras. Sem o incentivo que me foi dado no passado, eu não teria condições de trabalhar como trabalho. Hoje, eu não me incomodo tanto de sair como antes, que era extremamente difícil, mas nada fatal. Eles faziam isso para me preparar mais para o mundo, que é um lugar que tem perigo por toda a parte.

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Aos 20 anos, sou capaz de ir a lojas perto da minha casa sozinho. Mas, se for para eu pegar transporte público, aí a “coisa muda de figura”. Eu sei que se eu me perder na rua, devo pedir informações a um policial ou segurança e é bom evitar pedir informações para pessoas estranhas. Mas ainda não saio sozinho para ir a lugares distantes. Acho que em breve estarei pronto a me aventurar, mas sei que sentirei saudade da minha casa.

E sobre minhas viagens, já me acostumei com a rotina e até gosto, porque conheço pessoas novas e tenho novas experiências gastronômicas, mas não ligo para os pontos turísticos. Meus pais me incentivam a conhecer, mas não ligo para isso e sei que eles não fazem por mal. Eles fazem isso para me treinar cada vez mais para o mundo e eu até concordo com isso.

Meu sonho é casar e ter uma família, então, se um dia meus filhos e minha mulher quiserem conhecer lugares diferentes, estarei muito bem preparado, graças aos meus pais.

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Fotógrafo, palestrante, escritor e autor do livro Tudo o que eu posso ser, de 2017.

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