22 de dezembro de 2022

Tempo de Leitura: 2 minutos

Vocês já devem conhecer a Carol Sousa, autista nível 2 de suporte, pedagoga e entrevistada pelo Pedro Bial, o Lucas Pontes, recém formado psicólogo, e a Tabata Cristine, entrevistada pelo Marcelo Tas, dando uma aula prática de como é ser autista.

Cito os três porque são muito relevantes para mim, o que não signifique não existam tantos outros tão maravilhosos quanto. Mas hoje, quero falar de uma pessoa especial: Larissa Trindade, a @lari.atipica: mulher autista, TDAH e hiperfocada em artes.

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Livro: Autismo — Não espere, aja logo!

Conheci a Lari nas oficinas do Centro Especializado em Transtorno do Espectro Autista “Marcos Mercadante”, da Universidade Federal de São Paulo (TEAMM – Unifesp). Ela frequentou os encontros de “Autonomia e mercado de trabalho” e “Treino de habilidades sociais” e sua mãe, a generosa Kelly Trindade, frequenta o grupo de “Roda de conversa” que eu organizo, também do grupo TEAMM –  Unifesp.

Em um dos encontros com as famílias, Larissa pediu para conversar conosco. Estávamos falando de hiperfoco. Ela entrou no grupo faltando uns 20 minutos para o encerramento e deu uma aula aos pais presentes. Lari nos relatou de como a arte mudou sua vida e como sua mãe foi uma ouvinte excepcional para reconhecer seus interesses e lhe oferecer os caminhos que ela mesma mostrava que queria seguir. Os familiares que lá estavam foram à loucura diante de tamanha clareza e emoção em seu relato.

Larissa se autodefine como uma multiartista: artista plástica, toca instrumentos, atua, canta, recentemente participou como Expositora na Feira Matuta de Artes Gráficas e Literárias em Ribeirão Pires, como palhaça no Projeto Arte de Subúrbio em Pirituba, e acaba de concluir a formação e especialização artística na linguagem de palhaçaria pelo Doutores da Alegria, circulando com o espetáculo de conclusão “Corre-ria, águas que vem de nós” em mais de dez territórios periféricos incluindo escolas, centro culturais, biblioteca, aldeia indígena, instituição de longa permanência para idosos e outros.

Recentemente, “oficineira” das oficinas de Arte do TEAMM – Unifesp no Sesc Paulista. E lá fui eu, numa sexta-feira de jogo do Brasil de Copa do Mundo ver a Lari trabalhar. A oficina tem autistas nível 1, 2 e 3 de suporte e todos recebem as mesmas orientações; em linguagem simples, os professores passam as instruções em uma apresentação de slides explicando detalhadamente cada passo a ser feito no trabalho do dia. E lá estava ela, “oficinando” junto a um autista nível 1 de suporte; cautelosa, silenciosa, hiperfocada e altamente dedicada.

A Lari, vive do que ama: arte. Foi assim desde os 5 aninhos de idade. Roda a cidade de transporte público, tem amigos, tem crises, tem altos e baixos. Lari sabe ser autista; não tem medo de viver e nem de se expor. Apenas vive os seus lindos 23 anos de idade levando sua arte para onde vai.

Como ela mesma nos disse: “meus amigos autistas me disseram que o maior medo deles é ficarem sozinhos. A gente não gosta de ficar só, não vivemos em um mundo particular como dizem, vivemos no mesmo mundo que você!”.

Fica aqui minha mensagem de ano novo para todos: ouçam, dialoguem, conversem com os autistas. Não os deixe sós: abram suas portas e mentes. Que em 2023 a gente tenha espaço para muitos outros autistas de destaque e que possamos aprender com eles a arte de incluir.

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É psicóloga clínica, terapeuta de família, diretora do Centro de Convivência Movimento – local de atendimento para autistas –, autora de vários artigos e capítulos de livros, membro do GT de TEA da SMPD de São Paulo e membro do Eu me Protejo (Prêmio Neide Castanha de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes 2020, na categoria Produção de Conhecimento).

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