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Assim que os pais percebem os primeiros sinais que indicam atraso no desenvolvimento de uma criança, é iniciado o tratamento para garantir que ela tenha avanços nas áreas em que apresenta déficit. Vale lembrar que não é necessário ter o diagnóstico de autismo para isso, basta identificar atrasos que comprometem o desenvolvimento daquele indivíduo.
Assim, o sucesso do tratamento depende de algumas etapas importantes que vamos tratar a seguir:
1 – Intensidade
O primeiro passo para que um tratamento seja efetivo é, justamente, a intensidade com a qual ele acontece. Ou seja, quanto mais sessões ele tiver com a equipe multidisciplinar, mais rápido será o desenvolvimento daquele indivíduo.
Sabemos que, muitas vezes, este fator é complicado devido às questões financeiras ou aos procedimentos dos planos de saúde. No entanto, de acordo com a advogada e especialista em direito da saúde, Diana Serpe, essa prática é ilegal e os planos de saúde devem fornecer tratamento ilimitado para as pessoas com autismo.
2 – Qualidade
A qualidade é, por si só, uma das etapas mais importantes no que diz respeito ao sucesso no tratamento do autismo. Isso se dá em duas esferas: profissionais adequados e escolha da intervenção correta.
No campo profissional, é necessário que toda equipe multidisciplinar tenha conhecimento e, principalmente, seja especializada no Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Só assim, garante-se uma intervenção precisa.
Já no que diz respeito ao segundo tópico, de intervenções corretas, estamos falando no tipo de tratamento a que aquele indivíduo terá acesso. No caso do autismo, as intervenções indicadas são aquelas baseadas na Análise do Comportamento Aplicada (ABA), que têm evidências científicas.
Por isso, é necessário que os especialistas que vão atender aquele indivíduo tenham amplo conhecimento para aplicar este tratamento.
3 – Precocidade
Como já falamos em um artigo anterior, especialistas em autismo afirmam que o diagnóstico precoce é extremamente importante para garantir o desenvolvimento da criança no TEA. Por isso, esse é, também, um dos passos essenciais no que diz respeito a um tratamento de sucesso.
Vale lembrar que não é preciso que o diagnóstico de autismo tenha sido fechado para iniciar o tratamento. Isso porque, normalmente, quando os pais buscam por ajuda profissional, já notaram alguns sinais de atraso no desenvolvimento, como atraso na fala ou problemas na coordenação motora.
Somente com isso já é possível iniciar intervenções que vão ajudar a criança nesse processo. No livro Propósito azul, os autores afirmam que: “quando as crianças já são maiores, fica mais fácil identificar atrasos, realizar um diagnóstico mais preciso, mas daí já seria tarde demais, você teria perdido a maior fase da vida para realizar esses estímulos, quando a plasticidade cerebral é muito maior, ou seja, nos primeiros anos de vida”.
E é justamente devido a essa facilidade de aprendizado ainda nos primeiros anos que faz com que a precocidade seja tão importante para o tratamento do autismo.
4 – Adaptação e desenvolvimento da escola
A escola é um dos ambientes mais importantes para o desenvolvimento – tanto de crianças típicas quanto de neurotípicas. Isso porque é lá que elas vão passar a maior parte do tempo e ter possibilidades de interação que vão além do ambiente familiar/terapêutico.
Isso significa que a escola é, também, o principal local para se colocar em prática os aprendizados das terapias. Mas, para que isso aconteça, é necessário que a escola faça as adaptações necessárias para ajudar no desenvolvimento da criança.
Uma forma de fazer com que isso aconteça de forma produtiva é garantir que os professores que têm contato com aquele indivíduo recebam a orientação adequada sobre o manejo dos comportamentos. Além disso, é importante também que os professores não estejam somente preocupados com a interação daquela criança e deixem de lado o aprendizado. Isso porque, os autistas têm capacidade de aprender, o que muda é a forma de ensinar.
5 – Capacitação dos pais
Talvez a etapa mais importante de todas seja o que chamamos de capacitação parental. Mais do que qualquer coisa, é importante que os pais estejam empenhados no tratamento e consigam aplicar os aprendizados na terapia e também incentivar tudo aquilo que acontece na escola.
Por isso, é necessário que, mais do que investir em profissionais capacitados e especializados no TEA, os próprios pais consigam replicar as estratégias de manejo comportamental e compreendam como elas são importantes. Assim, se as intervenções são baseadas na Análise do Comportamento Aplicada (ABA), por exemplo, é essencial que os pais entendam os fundamentos deste tratamento e saibam, inclusive, criar estratégias para sua aplicação em outros ambientes no qual aquele indivíduo está inserido.
Tamanha é a importância desta etapa que a Academia do Autismo desenvolveu o curso de ABA para pais e aplicadores, que insere a família neste contexto de tratamento.
Desta forma, garante-se um tratamento de muito sucesso e com muito mais possibilidades de desenvolvimento para a pessoa no espectro autista.
Acompanhe, nos próximos artigos, dicas práticas para auxiliar no aprendizado e desenvolvimento de pessoas com autismo em diversos ambientes.
Fonte: Livro ‘Propósito Azul’, Academia do Autismo
Crédito: Gabriela Bandeira
Imagem: Reprodução Google