10 de abril de 2024

Tempo de Leitura: 4 minutos

Para ‘reocupar’ a Av. Paulista pelo Dia Mundial do Autismo, grupo fez manifestação no Vão Livre do Masp

Na tarde deste sábado, 06.abr.2024, no local mais icônico de São Paulo (SP), o Vão Livre do Masp, houve manifestação e caminhada na Avenida Paulista, com 220 pessoas, para conscientizar a sociedade a respeito do autismo. Autistas e familiares pediram por respeito aos seus direitos e por mais políticas públicas. Foram distribuídos mil panfletos explicando o que é o transtorno do espectro do autismo (TEA), sinais de suspeita para se buscar um diagnóstico e mostrando o tema da campanha nacional de 2024 para o Dia Mundial de Conscientização do Autismo (2 de abril): “Valorize as capacidades e respeite os limites!”.

Reportagem no Jornal da Band

O ato foi tema de reportagem do Jornal da Band, no mesmo dia, enfatizando o teor da manifestação e repercutindo e dando visibilidade à causa.

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Milena Carneiro, ativista e mãe da Yasmin, uma jovem autistas de 18 anos, destacou a importância de estar presente na manifestação: “Precisamos ocupar e reivindicar os direitos das pessoas com autismo na Avenida Paulista, por ser o local de maior visibilidade na maior capital do Brasil. Enquanto eu tiver voz pela minha filha e por todos os autistas, irei me manifestar, direito não é favor, é obrigação do poder público cumprir, sim!”, exclamou ela enquanto segurava uma faixa com o tema da campanha deste ano, no meio da avenida.

Caminhada na Av. Paulista

Para finalizar o ato, o grupo fez uma caminhada do vão livre no Masp (Museu de Arte de São Paulo) até a esquina da Av. Paulista com a Rua Augusta, escoltados pela Polícia Militar que, todo o tempo, garantiu a segurança e integridade dos manifestantes. No mesmo horário, ocorria uma manifestação do PCO em prol da Palestina, com muitas bandeiras, batucada e som muito alto. Para não causar problemas para autistas com hipersensibilidade auditiva, a PM de São Paulo solicitou que a outra manifestação se desviasse do Vão Livre no Masp, para garantir que autistas pudessem continuar no ato pelo Dia Mundial de Conscientização do Autismo.

A manifestação foi organizada pelo jornalista Francisco Paiva Jr., editor-chefe desta Revista Autismo, que destacou a importância simbólica desse movimento político apartidário: “Voltar a ocupar a Av. Paulista em prol dos autistas é muito importante para a visibilidade da causa. A última vez que estivemos aqui foi na caminhada de 2019, antes da pandemia. Depois disso, as autoridades forçaram a comunidade a ficarem isolados em outros locais, como no Memorial da América Latina, em 2023, que se mostrou um lugar muito seguro e confortável para um confraternização, que os autistas merecem; e, neste ano, no Parque das Bicicletas, em Moema, ainda mais invisibilizado. Podemos ter um evento com shows e confraternização, devemos tê-lo! Mas não podemos esquecer de conscientizar a sociedade, que é um ato para fora da bolha da comunidade do autismo, junto à sociedade”, argumentou Paiva, que tem um casal de filhos, sendo o rapaz, Giovani, de 16 anos, autista.

Cidadã

Nem autoridades nem empresas foram convidadas para o ato, apenas cidadãos. Um exemplo foi a secretária municipal da Pessoa com Deficiência, Silvia Grecco, que esteve presente e participou da manifestação não como Poder Executivo, mas como a mãe do Níckollas, jovem autista cego, muito conhecido como célebre torcedor do Palmeiras, que também esteve presente. Aliás, Silvia, que é muito envolvida com a causa, já ganhou um prêmio da Fifa, em 2019, o Fifa Fan Awards, por frequentemente levar o Nickollas ao estádio e narrar os jogos para ele.

O público presente se manifestou das mais diversas formas. Um grupo da AMA (Associação de Amigos do Autista), de São Paulo, entidade fundada há 41 anos, esteve presente pedindo por melhores condições para a instituição, que atende autistas gratuitamente.

Outros protestavam contra um recente decreto do governador de São Paulo — que autoriza um auxiliar para autista nas escolas estaduais, porém, os pais devem arcar com os custos ou eles mesmos serem o auxiliar do filho — que tem causado grande polêmica na comunidade, entre autistas e familiares.

Mas todos estavam falando de autismo, mostrando faixas e cartazes sobre questões relacionadas a autistas e seus direitos ou distribuindo panfletos informativos, ou seja, todos estavam cumprindo seu papel atendendo ao propósito da data criada pela ONU (Organização das Nações Unidas) para todo 2 de abril, o Dia Mundial de Conscientização do Autismo: conscientizar a sociedade!

Minidocumentário

O videomaker Diego Lomac, irmão do Rafael, um rapaz autista de 27 anos, registrou a manifestação e produziu um minidocumentário a respeito do ato, que pode ser visto no canal da Revista Autismo no Youtube.

“Eu sou uma pessoa mais visual do que verbal, e dentro dessa minha capacidade, tenho um compromisso de quando possível produzir algo a favor da visibilidade da causa autista. Acredito que o papel de todas as pessoas que têm o talento para criar é de, dentro do que são capazes de encaixar nas suas vidas, usar esse talento para algo que tenha um impacto positivo”, explicou Diego Lomac, a respeito de seu minidocumentário.

Assista ao vídeo, a seguir.

 

CONTEÚDO EXTRA

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Jornalista, doutorando em Comunicação pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e autor do livro "O que é neurodiversidade?".

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