29 de março de 2025

Tempo de Leitura: 3 minutos

A adolescência é uma fase intensa, confusa e, para muitos jovens, profundamente solitária. A nova minissérie da Netflix, “Adolescência”, mergulha nessa realidade com uma narrativa impactante e cinematograficamente ousada — filmada inteiramente em plano-sequência. Inspirada em fatos reais, a obra acompanha Jamie, um menino de 13 anos que é preso sob acusação de assassinar uma colega de escola. Mais do que um drama policial, a série é um retrato cru e sensível da dor adolescente.

Mas há camadas mais profundas sob a superfície da trama. Durante uma live realizada ontem (28.mar.2025) e que está disponível para ser assistida, debati junto a especialistas a interseção entre três temas urgentes e muitas vezes negligenciados: a cultura incel, o autismo de nível 1 de suporte e a saúde mental na adolescência. A conversa partiu dos acontecimentos da série e trouxe reflexões fundamentais para pais, educadores, profissionais de saúde e para toda a sociedade.

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Matraquinha

Incel

O termo “incel” é uma abreviação de “involuntary celibate” (celibatário involuntário) e se refere a rapazes que se sentem rejeitados afetiva e sexualmente. Em fóruns online, parte dessa comunidade adere a discursos misóginos e extremistas, transformando frustrações pessoais em ideologia de ódio. Claro que nem todo incel é violento, é um subgrupo mais radical. Estudos recentes mostram que homens autistas — principalmente os de nível 1 de suporte, com bom desempenho intelectual, mas desafios importantes nas interações sociais — estão sobre-representados nesses espaços. Uma das pesquisas mais amplas sobre o tema apontou que entre 18% e 33% dos incels apresentam traços do espectro autista, enquanto a prevalência geral na população é de 2,78% (CDC, 2023).

A série apresenta situações que envolvem bullying simbólico e cyberbullying, incluindo o uso de emojis como o de feijão e a “pílula vermelha” — elementos que, em certos contextos online, funcionam como códigos associados à cultura incel. Esses sinais passam despercebidos por adultos, destacando a desconexão entre gerações.

Muitos jovens autistas, especialmente aqueles com autismo nível 1 de suporte, apresentam dificuldades em compreender os jogos sociais ao seu redor, expressar emoções de forma convencional e lidar com rejeições sociais. Essas características costumam ser confundidas com timidez ou frieza emocional.

A live, que reuniu especialistas em psicologia, família e neurodiversidade, está disponível em vídeo e ajuda a aprofundar a compreensão dessas relações. Assista à conversa gravada para entender como o sofrimento silencioso de muitos adolescentes pode ser acolhido antes que vire tragédia.

Trailer da série

Assista ao trailer oficial da série no canal da Netflix Brasil:

 

Debate em live

Veja a live gravada em 28.mar.2025, no perfil @RevistaAutismo, no Instagram:

 


A LINGUAGEM DOS EMOJIS

Você sabe o que esses emojis significam?

🫘💊💯😠

À primeira vista, parecem inofensivos — mas no contexto da cultura digital e de fóruns incel, esses símbolos podem carregar mensagens de exclusão, ódio e bullying disfarçado.

🫘 Feijão: usado como forma de zombaria para representar pessoas “fracassadas” ou com características vistas como “inferiores” — muitas vezes direcionado a autistas ou adolescentes vulneráveis.

💊 Pílula vermelha (red pill) : representa a adesão à ideologia radical incel, com visão distorcida sobre gênero e poder.

💯 Símbolo “100”: reforça postagens com ideias misóginas ou agressivas, usado como selo de “verdade crua” nas comunidades.

😠 Emoji de raiva: combina ironia e provocação; usado para sinalizar sarcasmo agressivo ou humilhar alvos de forma simbólica.


 

CONTEÚDO EXTRA

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Editor-chefe da Revista Autismo, jornalista, empreendedor.

Câmara e Senado promovem eventos relacionados ao Dia Mundial do Autismo

Livro ‘Unmasking for Life’ é lançado

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