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Apesar da substituição de síndrome de Asperger por TEA, ainda há divergência na preferência do uso dos termos ‘aspie’ e ‘autista’’.
O termo “síndrome de Asperger” e os seus diminutivos, como “aspie”, podem incomodar pessoas autistas, como é o caso da vestibulanda de 18 anos, Layne Bregantini, que já foi alvo de ataques em seu Instagram (@laynebregantiniautista) por ser autista e sonhar em ser médica. Layne prefere o termo Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) com nível 1 de suporte ou autismo leve. Do mesmo modo, Priscila Corrêa, de 28 anos, mestranda em Oceanografia pela Universidade de São Paulo (USP), também prefere não fazer uso da nomenclatura pois essa “exclui a ideia de que o autismo é um espectro totalmente diverso e passa a ideia errônea de que o autismo é linear e os indivíduos com asperger seriam menos autistas que os demais autistas.” Priscila enfatizou: “todos autistas, somos únicos e diferentes, cada um com as suas limitações e habilidades”.
Vale lembrar que o Hans Asperger, médico austríaco que descreveu pela primeira vez o ‘autismo leve’, nomeado como “síndrome de Asperger”, contribuiu com o programa de eutanásia nazista e realizou experientos com centenas de crianças com com distúrbios neurológicos na clínica de Am Spiegelgrund. Entretanto, o diagnóstico de síndrome de Asperger entrou em desuso desde maio de 2013, quando foi lançado o quinto Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), substituindo o DSM-4 e unindo vários diagnósticos em um: o Transtorno do Espectro do Autismo. A CID-11 (nova versão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde) também seguiu o mesmo caminho, e passa a abranger todo o espectro com a mesma nomenclatura, TEA, que entra em vigor no início de 2022.
Estigma
Além disso, no Brasil, até hoje, uma grande parcela dos autistas ainda utiliza o termo asperger. Os motivos são vários, como os seus médicos não terem atualizado o diagnóstico para TEA. Também há casos de autistas de nível 1 que preferem o termo asperger como uma forma de distanciamento do estigma que envolve a palavra “autista”, evitando, dessa forma, os preconceitos. Esse é o caso do Vitor Monri, poeta de 24 anos, que prefere utilizar asperger ou aspie, “pois é mais bonito e prático, além de não subestimar o indivíduo”.
É essencial conscientizarmos as pessoas de que o TEA não é uma doença, mas um “neurotipo” de espectro infinito. Por isso muitos autistas preferem usar o símbolo da neurodiversidade (infinito preenchido com o espectro de cores do arco-íris) ao invés do tradicional quebra-cabeças, símbolo do autismo.