1 de março de 2023

Tempo de Leitura: 3 minutos

PECS, criado por Andy Bondy e Lori Frost, já foi traduzido para 16 idiomas

Quando se fala em comunicação alternativa aumentativa (CAA) para autistas, uma das principais referências no mundo é o PECS (sigla em inglês para Picture Exchange Communication System — em português: Sistema de Comunicação por Troca de Figuras), com mais de 190 artigos de pesquisa em todo o mundo. Para entender essa história que começou em 1985, nos Estados Unidos, entrevistei o casal criador do PECS, Andy Bondy e Lori Frost, por videoconferência (vídeo completo na versão online).

Extremamente simpáticos, o casal contou como nasceu a ideia da comunicação por troca de figuras, implementado pela primeira vez com alunos de pré-escola diagnosticados com autismo, no Programa de Autismo de Delaware, para depois ganhar o resto dos EUA e outros 17 países no mundo, incluindo o Brasil, onde eles têm uma filial, a Pyramid Educational Consultants, ou simplesmente PECS-Brazil (www.pecs-brazil.com).

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O relato, muito empático e humilde, revela que eles aprenderam com os autistas ao se colocarem no lugar deles. Com a dedicação de uma vida a esse projeto, o casal escreveu um manual de treinamento do PECS traduzido para 16 idiomas, promoveu estudos científicos, desenvolveu aplicativos para tablets e continua se reinventando, incansavelmente.

Lori Frost é fonoaudióloga, com mais de 40 anos de experiência com crianças autistas e tem mestrado pela Universidade da Carolina do Norte. Andy Bondy é analista de comportamento e psicólogo clínico, com mestrado e doutorado pela UNC Greensboro. Os dois já vieram ao Brasil, inclusive já visitaram a floresta amazônica.

A principal preocupação do casal é o engano que muitas pessoas cometem chamando de “PECS” tudo que tem figuras usadas para comunicação. “Não é porque tem figuras que é PECS!”, alertou Bondy, que continuou: “É mais ‘como ensinar’ as pessoas a usarem as imagens e as estratégias de ensino desenvolvidas em torno da ciência da aprendizagem por muito tempo”, argumentou Andy Bondy.

Comunicação tangível

O protocolo do PECS tem seis fases e começa com a utilização de apenas uma figura. Pude “confessar” aos criadores que utilizei o PECS com meu filho (que à época tinha pouco mais de 3 anos) começando com 32 figuras. Eu comprei o livro, li os primeiros capítulos e já comecei a aplicar o sistema de CAA. Só depois de ter começado, continuando a leitura, me deparei com essa importante informação: era para começar com somente uma figura! Aproximadamente seis meses depois, meu filho começou a falar. Mas nem todos os autistas adquirem a fala, e uma CAA pode ajudá-los a se comunicar de outras formas e diminuir sua “invisibilidade” social.

O sistema implica em “trocar” um cartão com uma figura por uma ação ou um item, um objeto, um brinquedo, o que a pessoa tiver interesse. E, ao introduzir mais figuras, prossegue ensinando a discriminação de cada figura e, mais à frente,  a formação frases, juntando-as. Nas fases mais avançadas, as pessoas aprendem a comentar, responder perguntas e iniciar uma conversa. O maior uso é com autistas, mas o sistema é apropriado para pessoas com dificuldades cognitivas, físicas e de comunicação. O objetivo principal do PECS é ensinar comunicação funcional.

Na sua mensagem final, Lori Frost disse: “Não são somente profissionais, os pais também podem aprender. São pais apaixonados que são minha motivação! Eu conheço os filhos e os ajudo a se comunicarem, mas, para mim, o maior benefício é ver o impacto na família e, na minha opinião, os pais é que são os heróis!”, revelou Lori Frost.

Vale à pena assistir ao vídeo completo da entrevista — que foi toda em inglês, mas tem legendas em português —, de 30 minutos, no canal da Revista Autismo no Youtube ou na versão online desta reportagem (tem um QR-code para isso na página do índice).

Vídeo da entrevista

CONTEÚDO EXTRA

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Editor-chefe da Revista Autismo, jornalista, empreendedor.

Uma artista precisa e científica

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