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O neurocientista brasileiro Alysson Muotri está à frente de mais um projeto revolucionário que visa explorar a biodiversidade da Amazônia em busca de tratamentos eficazes para doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer, e outras condições neurológicas, incluindo o autismo. Em colaboração com a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), a pesquisa de Muotri utiliza minicérebros — organoides cerebrais que replicam a estrutura do cérebro humano — que serão enviados à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) para estudos em condições de microgravidade. A iniciativa promete avançar significativamente o entendimento de doenças neurológicas através do estudo de moléculas oriundas da biodiversidade de plantas amazônicas com potencial terapêutico e foi destaque no G1 neste domingo (5).
Além da exploração científica, o projeto incorpora uma integração tecnológica notável, onde robôs equipados com inteligência artificial são usados para identificar e coletar espécies vegetais na vasta floresta Amazônica. Este aspecto do projeto não só aumenta a eficiência na coleta de dados, mas também ajuda a preservar o conhecimento indígena sobre as propriedades curativas das plantas, colaborando com os líderes Huni Kuin no Acre. Segundo a reportagem do jornalista Roberto Peixoto, a pesquisa do brasileiro planeja começar os experimentos espaciais em meados de 2025, e os resultados poderiam oferecer novos caminhos para o desenvolvimento de tratamentos mais eficientes e menos invasivos para pacientes ao redor do mundo.
O projeto esta sendo financiado pela iniciativa Humans in Space, do grupo de investimentos sul coreano Boryung, e pelo Centro Integrado de Pesquisa Espacial de Células-Tronco em Órbita (sigla em inglês, ISSCOR) localizado na Universidade da Califórnia em San Diego (EUA), na qual Muotri é diretor.
‘Máquina do tempo’
O aspecto inovador do estudo não reside apenas no uso de tecnologias de ponta e na colaboração intercultural, mas também na rapidez com que os organoides cerebrais envelhecem no espaço, proporcionando uma oportunidade única para estudar as doenças em um curto espaço de tempo. Esse envelhecimento acelerado permite aos cientistas observar os efeitos potenciais de neurodegeneração e testar a eficácia de moléculas isoladas antes de serem aplicadas em contextos terapêuticos na Terra — “É quase uma máquina do tempo!”, brinca o Dr. Muotri a respeito desse efeito da microgravidade. Ainda, a sustentabilidade do projeto é destacada pela intenção de Alysson Muotri de destinar uma parte dos eventuais lucros obtidos com futuras descobertas terapêuticas aos povos indígenas, reconhecendo sua contribuição vital para o sucesso da pesquisa.
Este projeto não apenas eleva o papel do Brasil no cenário científico internacional, mas também exemplifica uma abordagem holística e responsável para com a ciência moderna, integrando respeito pela natureza e pelas culturas indígenas com inovações tecnológicas e médicas. É um esforço colaborativo que espelha a complexidade dos desafios que enfrentamos e o potencial das soluções inovadoras que podemos alcançar.
Autismo e neurodesenvolvimento
Vale destacar que o Dr. Alysson Renato Muotri, que é professor da faculdade de medicina da Universidade da Califórnia em San Diego (EUA) e lidera o Muotri Lab naquela mesma universidade, também é cofundador da Tismoo Biotech e da Tismoo.me, startups brasileiras que atuam com autismo e neurodesenvolvimento — esta última lançou uma inteligência artificial especialista em autismo, chamada Genioo, no último dia 02.abr.2024, que atualmente pode ser utilizada sem custo. Ele foi convidado pela Nasa (a agência espacial dos EUA) para ir pessoalmente à ISS no ano que vem para conduzir pesquisas relacionadas a neurodesenvolvimento, o que o tornaria o primeiro cientista do mundo a ir ao espaço!
Para mais detalhes sobre esta pesquisa pioneira e seus desenvolvimentos futuros, a matéria completa, do jornalista Roberto Peixoto, ilustrações de Ana Moscatelli, com edição de Ardilhes Moreira — contendo diversas animações, ilustrações e infográficos —, pode ser acessada no site do G1, neste link.