5 de setembro de 2024

Tempo de Leitura: 2 minutos

Na semana passada (29.ago.2024), a Câmara Municipal de Santos (SP) foi palco de uma importante audiência pública, que reuniu especialistas em saúde para discutir a complexidade do autismo na adolescência e vida adulta, especialmente nos casos de suporte nível 3 e com comorbidades associadas.

A audiência, uma iniciativa do vereador Marcos Libório, foi dividida em dois momentos principais. No primeiro, seis profissionais e pais especialistas abordaram as dificuldades enfrentadas pelas famílias de autistas. Foram apresentados casos que vão desde a ausência de serviços adequados de tratamento até a dificuldade de acesso a outros especialistas que garantam a saúde integral da pessoa autista. Um exemplo citado foi a dificuldade enfrentada por mulheres autistas para realizar consultas ginecológicas e exames preventivos, além de investigações para doenças como diabetes, obesidade e cistos de diversas origens, que podem afetar significativamente o comportamento. O cenário grave das mães e pais cuidadores também foi amplamente discutido, com destaque para o alto índice de depressão e até suicídio entre eles.

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Grupo Acolhe Autismo

Em sua fala de abertura, Libório destacou a angústia de muitas famílias que têm buscado ajuda, mencionando especificamente o grupo Acolhe Autismo Santos e suas representantes, Adriana Dias, Ana Paula Chacur e Daísa Campos. “A atenção à saúde integral desses jovens e adultos autistas tem sido uma prioridade, especialmente para os casos complexos, e isso exige de nós um olhar não só sensível, mas também técnico”, afirmou o vereador.

No segundo momento, representantes da prefeitura ilustraram as atuais políticas, demandas e serviços oferecidos. A prefeitura anunciou a ampliação do equipamento Clínica Escola do Autista, na Zona Noroeste da cidade, uma solicitação feita pelo vereador. Ainda em relação aos adultos autistas dependentes de cuidadores integrais, a prefeitura revelou que está estudando a implantação de duas moradias assistidas em Santos.

Especialistas

No primeiro bloco de apresentações, a médica neurologista Karen Baldin abriu as discussões falando sobre a complexidade dentro do espectro. Em seguida, o médico psiquiatra Pavel Oliveira discutiu a complexidade do atendimento em saúde e o psicólogo Rafael Silva abordou a segurança em crises agressivas. Francisco Paiva Júnior, CEO da startup Tismoo.me e pai de um jovem autista, compartilhou suas experiências e falou sobre a necessidade de um cuidado maior com a saúde da pessoa autista, e não somente com o tratamento. “Ambos são importantes, mas a saúde de autistas está sendo negligenciada, até mesmo por quem tem condições financeiras na maior parte das vezes, por falta de um serviço especializado”, argumentou Paiva.

No segundo bloco, a enfermeira Fernanda Gaspar, mãe de um adulto autista, destacou o cenário das famílias cuidadoras, ressaltando os altos índices de depressão e suicídio entre os pais. O advogado Cahue Talarico falou sobre os direitos e o acesso à saúde para pessoas com deficiência.

A audiência marcou mais um passo importante na construção de políticas públicas sólidas para a comunidade autista em Santos.

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Editor-chefe da Revista Autismo, jornalista, empreendedor.

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