Destaque no Estadão de hoje (23.fev.2025), o neurocientista brasileiro Alysson Muotri, professor da Universidade da Califórnia, em San Diego (EUA), se tornará astronauta para estudar o transtorno do espectro do autismo (TEA) e Alzheimer na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês). A missão está prevista para 2026, e o treinamento na Agência Espacial Americana (Nasa) começará seis meses antes da viagem. Muotri, reconhecido por pesquisas com minicérebros criados a partir de células-tronco, busca entender como a microgravidade acelera o envelhecimento celular e como isso pode ajudar no desenvolvimento de novos tratamentos para doenças neurológicas. Muotri estará no Brasil, no Rio TEAma 2025, no fim de março.
Em 2019, uma parceria entre a Universidade da Califórnia e a Nasa enviou minicérebros ao espaço, revelando que, em apenas um mês na ISS, as células neuronais envelheceram o equivalente a dez anos. Agora, após diversos “envios” de organoides cerebrais, Muotri pretende ir pessoalmente para fazer pesquisas mais complexas e continuar seus experimentos, principalmente para verificar como esse processo pode contribuir para a pesquisa de autismo, neurodesenvolvimento, síndromes relacionadas ao espectro autista, assim como sobre o envelhecimento cerebral e doenças como o Alzheimer. Ele também testará compostos neuroativos extraídos da Floresta Amazônica, desenvolvidos em colaboração com a Universidade Federal do Amazonas.
Filho autista
Além de sua pesquisa científica, Muotri tem um envolvimento pessoal com o autismo, pois é pai de uma criança autista. Essa experiência influenciou sua trajetória profissional e o levou a aprofundar suas investigações sobre o TEA. Segundo ele, o objetivo é encontrar novas abordagens terapêuticas para condições neurológicas, utilizando um modelo de envelhecimento celular mais eficiente que os atuais testes em animais, que muitas vezes não refletem com precisão as características das doenças humanas.
O projeto conta com a colaboração de cientistas de diversos países, incluindo Estados Unidos, Brasil, Coreia do Sul, Arábia Saudita, Emirados Árabes e nações europeias. Muotri apresentará detalhes da pesquisa no seminário Rio TEAma 2025, que acontecerá entre 28 e 30 de março, no Rio de Janeiro (RJ). Ele afirma que a experiência na ISS permitirá um avanço significativo na compreensão das doenças neurológicas e no desenvolvimento de novos tratamentos.
Para quem quiser mais informações, o texto completo da reportagem de Roberta Jansen está no site do Estadão, neste link.
CONTEÚDO EXTRA
- Reportagem do Estadão: Esse brasileiro vai ao espaço estudar autismo e Alzheimer: ‘Ciência me leva a ser astronauta’ (O Estado de S.Paulo)
- Inscrições para o Rio TEAma 2025: https://seminariorioteama.com.br/rio-de-janeiro-2025/ (site do evento)
- Entrevista: Alysson Muotri explica o porquê de enviar ‘minicérebros’ de autistas ao espaço (Revista Autismo / Canal Autismo)
- Minicérebros no espaço? Pra quê? (Tismoo)
- Com robôs na Amazônia e ‘minicérebros’ no espaço, brasileiro busca tratamento eficaz para o Alzheimer e outras condições (G1 / Globo)