1 de junho de 2019

Tempo de Leitura: 2 minutos

Para muitos pais, receber o diagnóstico de autismo ainda carrega diversas incertezas, principalmente porque muitos nem sequer compreendem o que ter um filho no espectro significa. A partir daí, surgem as dúvidas quanto ao tratamento e, principalmente, medicações que podem ser usadas.

Assim como cada autista é diferente um do outro, o tratamento e a medicação que cada indivíduo vai receber também são. Segundo o neurocientista Alysson Muotri, que estuda o cérebro e faz pesquisas na Universidade da Califórnia envolvendo pessoas no espectro autista, não existe um medicamento desenvolvido especialmente para o tratamento do autismo. Aqueles receitados por médicos servem, na realidade, para agir nas comorbidades, ou seja, em outras condições associadas ao Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).

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“Os remédios atuais foram re-colocados para o autismo, pois foram inicialmente designados para outras doenças. Esses remédios servem para controlar comorbidades do transtorno, como agressividade, ansiedade, concentração etc.”, explicou Muotri.

Os medicamentos

A Risperidona, por exemplo, é um medicamento indicado para o tratamento de psicoses como a esquizofrenia, mas prescrito por alguns médicos para pacientes com autismo. No entanto, de acordo com Muotri, a decisão de utilizar ou não este ou outros remédios é tomada em conjunto com a família.

Esses remédios só podem ser receitados pelo médico que acompanha o autista. A decisão de usar, ou não, é feita com a família. Por exemplo, recomenda-se o uso quando a comorbidade pode colocar em risco a vida do autista ou dos que estão ao seu redor”, esclarece Muotri.

A Risperidona é o medicamento mais utilizado por pessoas com autismo e muitos preferem solução oral ao invés de comprimidos, principalmente para crianças, pela dificuldade em tomar a medicação e pela possibilidade de misturá-la em outro líquido, facilitando a ingestão.

Outras soluções, como Zoloft e Prozac são indicadas para casos de autistas que sofrem de ansiedade ou depressão, já a Ritalina é comum para reduzir os efeitos do déficit de atenção e controlar possíveis variações de humor e, por último, a Melatonina, é indicada para autistas com problemas de sono. Além disso, existem outros remédios prescritos para pacientes com epilepsia e convulsões que ajudam a controlar os efeitos dos espasmos.

Os cuidados

Assim como em qualquer outro tratamento, é necessário que a família e o profissional que acompanha o paciente tomem alguns cuidados antes e durante a medicação. O primeiro deles é entender como aquele remédio funciona no organismo e quais são seus principais efeitos colaterais.

Resumindo, antes de qualquer tentativa, é dever da família buscar o máximo de informação possível com o médico. É necessário, também, realizar exames frequentes, cujo tempo de retorno depende do medicamento.

“Em alguns casos, é preciso acompanhar os níveis da droga no corpo para evitar efeitos colaterais, ou monitorar o funcionamento do fígado. É preciso tempo, administração correta e orientação médica especializada para saber se o medicamento está funcionando ou não”, conclui Muotri.

Farmacogenômica

Com o avanço do conhecimento científico já é possível achar variantes genéticas relacionadas a medicamentos e saber sua relação com a eficácia e possíveis efeitos colaterais, a farmacogenômica.  A cientista Graciela Pignatari, da Tismoo, único laboratório no Brasil que faz esse tipo de análise especializada em autismo, explica: “A farmacogenômica é um dos pilares da medicina personalizada e tem como objetivo prever a resposta, ou a probabilidade de efeitos adversos, para otimizar as decisões clínicas que abordam o risco-benefício de um medicamento para cada pessoa”.

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Jornalista, autora do livro "Singulares - Um olhar sobre o autismo" e documentário homônimo e líder de comunidade na Genial Care.

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