20 de abril de 2023

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em reunião ocorrida nesta terça-feira (18) com governadores que pessoas com deficiências mentais tem “desequilíbrio de parafuso”. A fala se deu durante a discussão de ações para prevenir violências nas escolas e começou a repercutir na comunidade do autismo a partir da quarta-feira (19), com notas de repúdio de associações e críticas de ativistas, a maior parte afirmando que o discurso do presidente foi capacitista e psicofóbico.

O Instituto Lagarta Vira Pupa, em nota, argumentou que “destoando do trabalho exemplar que está sendo executado pelo Ministério dos Direitos Humanos e pela Secretaria de Direitos das PCDS, o Presidente se expressou de forma capacitista e leviana, trazendo ainda mais estigma para a vidas das pessoas com deficiência e transtornos mentais, ao reforçar o senso comum que nos coloca como “perigosos” e “violentos” e, portanto, indignos da convivência em sociedade”.

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Em artigo publicado na Folha de S.Paulo, a jornalista Johanna Nublat diz que “essas pessoas não são potenciais assassinos. Elas são potenciais alvos de políticas públicas de saúde, educação, assistência social, trabalho, cultura e emprego. Políticas em que o Estado historicamente falhou. E segue falhando”. O jornalista Luiz Alexandre Souza Ventura, do blog Vencer Limites no O Estado de S. Paulo, também comentou a fala de Lula, dizendo que “a maneira pejorativa e ultrapassada usada pelo presidente Lula para se referir às pessoas com deficiências mentais reforça estigmas e está muito longe do comportamento de estadista tão alardeado por apoiadores do atual chefe do executivo”.

Wallace D’Lira, influenciador digital, ativista e parte do Autistas Alvinegros, espera um pedido de desculpas de Lula. “Se retrate, é o mínimo que esperamos de quem deve servir o povo. Se informe e esteja empenhado em amplas campanhas de conscientização, nós existimos e resistimos”, acrescentou em texto. Já o psicólogo Lucas Pontes afirmou que “é essa visão que fez e ainda faz com que a segregação seja aceita por tantos. Desde o medo do coleguinha autista na sala de aula até o medo do ‘doente mental’ que invade escolas e mata”.

A jornalista Fatima de Kwant, em texto, disse que “acredito que a intenção do presidente tenha sido a de apontar a necessidade preventiva da saúde mental, o que é positivo para o país. Mas, igualmente positivo, é que ele seja bem assessorado com informações corretas para não atrapalhar mais ainda a conscientização de toda uma nação já pobre em conhecimento sobre saúde mental e deficiências”.

A deputada estadual Andréa Werner (PSB-SP) argumentou que pessoas com deficiência tem muito mais chances de serem vítimas de violência do que serem autores e, por isso, “essas falas colocam PCDs em perigo e mascaram o real problema de violência nas escolas, que passa por apoio integral aos alunos e professores, e monitoramento de extremistas na internet. Não podemos aceitar uma fala que desumaniza quase 30 milhões de brasileiros vinda do presidente”.

O youtuber Ricardo Oliveira, por sua vez, defendeu que a fala de Lula reflete uma baixa relevância da pauta da deficiência no âmbito da esquerda. “Quanto tempo ainda vai demorar para as esquerdas começarem a perceber seus quadros que fazem parte da deficiência e começarem a falar sobre? Quanto tempo vai ser preciso esperar para que alguma personalidade de esquerda comece a falar sobre esses assuntos?”, questionou.

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