18 de maio de 2024

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A medida amplamente usada de “teoria da mente” precisa ser reavaliada, assim como a antiga afirmação de que o autismo está ligado a uma falta dessa habilidade.

Em um artigo publicado nesta quinta (16), no site norte-americano The Transmitter — intitulado “It’s past time to stop using the Reading the Mind in the Eyes Test” (usei a tradução livre como título desta notícia)—, os pesquisadores Wendy C. Higgins e Robert M. Ross argumentam que o “Eyes Test” (Teste dos Olhos), uma medida amplamente utilizada para avaliar a “teoria da mente“, deve ser reavaliado. O teste consiste em 36 fotografias em preto e branco de pares de olhos, onde se deve escolher qual dos quatro descritores de estado mental melhor corresponde ao que a pessoa está pensando ou sentindo.

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Eles relatam que, durante uma palestra acadêmica sobre se animais não humanos possuem teoria da mente, o palestrante afirmou que pessoas autistas carecem dessa capacidade. Essa afirmação, embora comum na literatura científica, é perturbadora para os autores, que acreditam que a relação entre déficits de teoria da mente e autismo precisa ser reexaminada.

Teoria da mente

Baseados em pesquisas existentes, Higgins e Ross destacam que não está claro se os testes psicológicos realmente medem a teoria da mente, o que coloca em dúvida a evidência de déficits de teoria da mente em adultos autistas. Em um artigo de revisão publicado na Clinical Psychology Review, eles levantam sérias preocupações sobre a validade do Teste dos Olhos. Este teste, desenvolvido em 2001 (publicado num artigo da Universidade de Cambridge), exige que os participantes identifiquem estados mentais complexos a partir de fotografias estáticas de olhos, uma tarefa cuja validade é questionável.

Os autores criticam a falta de evidências empíricas de validade do Teste dos Olhos. Em sua revisão de 1.461 estudos, descobriram que 63% não forneceram nenhuma evidência de validade. Apesar das críticas acumuladas e das falhas empíricas, o Teste dos Olhos continua amplamente utilizado, e muitos artigos acadêmicos ainda citam as pontuações mais baixas de pessoas autistas como evidência de um déficit de teoria da mente.

Higgins e Ross concluem que, devido à inadequação das evidências de validade e às limitações conceituais, pesquisadores e clínicos devem parar de usar o Teste dos Olhos. Eles sugerem que mais atenção deve ser dada à relação entre medidas empíricas e teorias psicológicas, recomendando uma seleção criteriosa de medidas e a adesão às melhores práticas na apresentação de evidências de validade.

Leia o artigo original (em inglês), publicado no The Transmitter (site dos EUA com foco em ciência), com links para diversos estudos citados, clicando aqui.

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Editor-chefe da Revista Autismo, jornalista, empreendedor.

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