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Uma só voz para o 2 de abril — Dia Mundial de Conscientização do Autismo 2020

Tempo de Leitura: 6 minutos

Em 2020, pela primeira vez, a comunidade envolvida com a causa do autismo no país todo segue, unida, em uma campanha nacional com tema único: “Autismo: Respeito para todo o espectro”, para celebrar o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, que acontece todo 2 de abril — data criada em 2007 pela ONU (Organização das Nações Unidas), quando cartões-postais de todo o planeta passaram a ser iluminados de azul anualmente — no Brasil, o mais famoso é o Cristo Redentor — para lembrar a data e chamar a atenção da mídia e da sociedade.

Ao mencionar “todo o espectro” no tema, a campanha deixa claro que há uma extensa diversidade, um espectro, na maneira como o autismo afeta cada indivíduo, havendo desde pessoas com graves comprometimentos e comorbidades (outras condições de saúde associadas, como epilepsia e deficiência intelectual) até os chamados “autistas de alto funcionamento”, com sinais e sintomas muito leves do transtorno (antigamente diagnosticados com síndrome de Asperger). Por isso o nome técnico ganhou a palavra “espectro”, Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), pela grande variação de características e intensidades.

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O pedido é por respeito nas políticas públicas (quase inexistentes no país), respeito no tratamento e terapias por meio do SUS (sem previsão do mínimo aceitável), respeito na inclusão no mercado de trabalho, na educação, em eventos, na sociedade de um modo geral e, logicamente, mais informação e menos preconceito. Mais conteúdo sobre autismo e o “2 de abril” podem ser obtidas no site desta Revista Autismo (RevistaAutismo.com.br/DiaMundial) — publicação gratuita, impressa, distribuída em todos os estados do Brasil, e também digital (em português e espanhol). No site da ONU (www.un.org/en/events/autismday) também há mais informações sobre a data.

No 2 de abril e principalmente no fim de semana dos dias 4 e 5 de abril, haverá eventos e caminhadas em todo o Brasil para promover a conscientização a respeito do TEA. Em 2019, o maior evento aconteceu em São Paulo (SP), na Avenida Paulista, onde 10 mil pessoas caminharam para chamar a atenção pela causa. Outros destaques de público foram o Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF) e Manaus (AM).

Autismos

Pode-se dizer que há vários tipos ou subtipos de autismo, pois o transtorno é caracterizado por déficits, de qualquer nível, em duas importantes áreas do desenvolvimento: comunicação social (socialização e comunicação verbal e não verbal) e comportamento (movimentos repetitivos e interesses restritos). O TEA, portanto, afeta cada pessoa de maneira única. Não há um autista igual ao outro — nem em gêmeos idênticos.

Estudos recentes (principalmente uma grande pesquisa científica publicada em 2019, com mais de 2 milhões de indivíduos, em cinco países) têm demonstrado que fatores genéticos são os mais importantes na determinação de suas causas (estimados entre 97% e 99%, sendo 81% hereditário), além de fatores ambientais (de 1% a 3%). Existem atualmente mais de 900 genes já mapeados e implicados como fatores de risco para o transtorno.

No Brasil, a “Lei Berenice Piana” — Lei 12.764, de 2012, que criou a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo, regulamentada pelo Decreto 8.368, de 2014 —  garante os direitos dos autistas e os equipara às pessoas com deficiência. A legislação, porém, saiu minimamente do papel até agora.

Estimativa: 2 milhões

Nos Estados Unidos, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças do governo (CDC, na sigla em inglês: Centers for Disease Control and Prevention) estima a prevalência de autismo em 1 a cada 59 crianças naquele país — números divulgados em abril de 2018, referentes à pesquisa de 2014. Estão previstos novos números a serem divulgados em 2020, segundo a assessoria do CDC, este anúncio será entre a última semana de março e a primeira de abril próximo. O número de meninos autistas é aproximadamente quatro vezes maior que o de meninas.

A ONU, através da Organização Mundial da Saúde (OMS), considera a estimativa de que aproximadamente 1% da população mundial esteja dentro do espectro do autismo, a maioria sem diagnóstico ainda. No Brasil, temos apenas um estudo de prevalência de TEA até hoje, um estudo-piloto, de 2011, em Atibaia (SP), de 1 autista para cada 367 habitantes (ou 27,2 por 10.000) — a pesquisa foi feita apenas em um bairro de 20 mil habitantes daquela cidade, como um piloto para um projeto maior a ser feito em todo o país, no entanto, o líder do projeto, o médico Marcos Tomanik Mercadante, infelizmente, faleceu poucos meses após a publicação do estudo. Segundo a estimativa da OMS, o Brasil pode ter mais de 2 milhões de autistas.

Sinais de autismo

Em toda edição, publicamos o artigo “O que é autismo?” e, nele, estão relacionamos alguns sinais desta condição de saúde. Apenas três deles presentes numa criança de um ano e meio já justificam uma suspeita para se consultar um médico neuropediatra ou psiquiatra da infância e da adolescência.

Turma da Mônica

O desenhista Mauricio de Sousa tem apoiado a causa e, por meio do Instituto Mauricio de Sousa, fez uma tirinha especial, no ano passado, para o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, 2 de abril. O objetivo é alertar adultos e crianças sobre da importância de se informar a respeito de autismo, cada vez mais diagnosticado em todo o mundo por conta de maior disseminação de informação. Em parceria com esta Revista Autismo, toda edição da publicação traz uma história em quadrinhos inédita do André, o personagem autista da Turma da Mônica (veja na página 7).

Tirinha exclusiva da Turma da Mônica e o André para o Dia Mundial de Conscientização do Autismo - Revista Autismo

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