15 de março de 2019

Tempo de Leitura: 2 minutos

coluna: Tudo o que podemos ser

Quando eu era pequeno, tinha um autismo mais severo, pois não me comunicava, me autolesionava, tinha muitos comportamentos rígidos e muita dificuldade na escola. Hoje, apesar dos meus 20 anos, ainda enfrento muitas dificuldades e ainda tenho muitas coisas para descobrir e para aprender. Ainda hoje, tenho dificuldade de me comunicar, pegar transportes públicos, esperar em filas longas, etc. Acho que a maioria das pessoas que me conhecem sabe disso, mas isso é uma conversa para outra história, porque hoje eu quero falar sobre “obrigações”.

Apesar de eu viajar o Brasil inteiro para fazer as minhas palestras, acreditem ou não, eu nunca gostei de viajar, mas esse é o meu trabalho. E se eu tenho que viajar a trabalho, eu não me importo. E é claro, existem outras coisas que eu não gosto de fazer e que de vez em quando eu até sou incentivado pelos meus pais e amigos a fazer. Mas tem coisas que eu não quero fazer de jeito nenhum! Por exemplo, quando meus pais querem viajar para o interior para descansar, o que eu mais gosto de fazer nesse período é ficar sozinho em casa, porque isso me dá paz e sossego. Pois é, vocês não leram errado! Esses dias atrás até li uma frase na internet que me identifiquei bastante que “para algumas pessoas ficar em casa sozinho significa solidão! Já para mim significa paz absoluta!” E devo confessar que eu concordo muito com isso.

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Muitas pessoas conhecidas que têm filhos (ou qualquer outro parente) com autismo passam por coisas parecidas e acabam sendo criticadas. Nós temos que entender que se não for para o bem deles, acaba piorando e estressando cada vez mais os filhos com autismo e, provavelmente, até os filhos neurotípicos. E isso pode interferir no comportamento deles.

Em muitas ocasiões, nós não nos sentimos bem em um lugar e, como dizem os brasileiros neurotípicos, nós nos sentimos como um “peixe fora d’água”! E isso pode, sim, interferir no desenvolvimento da pessoa com autismo. Porém, isso não precisa acontecer para sempre, pois existem lugares que seus filhos com autismo podem acabar aceitando ir junto e isso, inclusive, faz muito bem para estimular a vida deles, para que eles consigam ser mais independentes, pois todos nós já sabemos que, como diz minha mãe, “pais não são eternos”!

Então, meu conselho é vocês se lembrarem de que somos seres humanos únicos, e isso serve para qualquer um. Incentivar seu filho é uma coisa, forçá-lo a fazer o que você quer, é outra! Lembre-se de incentivar a pessoa com autismo aos poucos, vendo o que faz bem e o que faz mal a ela. Autista é gente e merece ser respeitado em sua individualidade. Todo ser humano é único!

 

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Fotógrafo, palestrante, escritor e autor do livro Tudo o que eu posso ser, de 2017.

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